Saturday, December 24, 2005

UM SONHO


Te procurei nas sombras de meu cérebro embebido em sono. Sabia que estavas ali, quieta, espreitando. Nunca te vira, sonhei-te. Procurei-te nos sinais ocultos do cotidiano. por trás de uma porta fechada ao fim de um longo corredor, nas sombras de becos perdidos na cidade. Às vezes te esquecia e podia continuar minha vida normal fazendo essas coisas que acreditamos importantes. Mas sempre um perfume, um olhar perdido ou as mechas douradas de um cabelo me levavam de volta à ansiedade de te acreditar real embora soubesse que apenas tivesse te sonhado. Compreendi Quixote em sua lucidez aparentemente louca. Apenas sei que preciso sonhar-te novamente.

MUSA DE UMA NOITE DE VERÃO


Em tua pele leio as promessas de sonhos verdadeiros que não esquecerei jamais. Toco suavemente as reentrâncias sedosas de teus aromas. Percorro os acminhos de nossos desejos perseguindo as pequenas gotas de suor que deslizam, sempre para baixo. Sonho e te vejo surgir entre a névoa azulada de cigarros esquecidos. Sombra e luz de um olhar que suponho sem o ver. E respiro cada partícula de teu ser em sonho. Reviro na cama e acordo em suor e só. Apenas as sombras e luzes da cidade que entram pela janela entreaberta e o ar parado. Sinto tua presença insinuante.