MAIS UMA NOITE

Primeiro a surpresa de seus cabelos longos. Depois as curvas de sua cintura e, como sempre, um sorriso iluminando o rosto. Palavras brotavam de seus lábios. Mágicas. Desvendando caminhos desconhecidos, mostrando-se outra. A sedução a cada palavra, meus dedos tocando sua pele enquanto andávamos abraçados. A noite fluiu por tortuosas ruas de néon e bares esfumaçados. No ar o aroma de seu perfume e o desejo de desvendar mais, muito mais.

BEIJO NO AR

Ontem à noite te vi depois de algum tempo. Teu abraço carinhoso, teu perfume em mim. Senti o calor de teu corpo colado ao meu e desejei, mais uma vez, mais. Olhos de menina, lábios tentadores e teu corpo com todas as ondulações sinuosas que prometem os deslizes naturais. Mesmo assim te beijei com distanciamento. Abracei-te com desejo contido. Lutei contra o impulso de te alçar em meus braços pelos ares seqüestrando-te para mil e uma noites. Nos despedimos na velocidade da noite. Fui para casa, deitei. Sem conseguir dormir levantei-me. Em minhas mãos e meu rosto teu perfume, e o sabor de um beijo não dado.

CHUVA

Quero ser a chuva que banha teu corpo. Vou me fazer chuva para te banhar. Com cada toque suave, com cada toque firme, acariciar teu corpo e ouvir a música que emana de teus gemidos suaves. E sentir a vibração desses sons vibrando em teu corpo macio enquanto sinto teu peso sobre o meu. Respirar teu alento enquanto giro e arremeto como um furacão servil. Penetrando em segredos, penetrando em desejos, girando e arremetendo até a dissolução final em uma brisa suave com aroma de orvalho. Passando sem deixar rastros. Deixando apenas odores e sensações que se desvanecem como chuva de verão.

QUANDO CAMINHAS

O requebrar de um quadril intenso me leva por ruas perdidas banhadas em néon metafísico e eu não posso recusar. O balançar ritmado que me hipnotiza e o sorriso que me ilumina e ofusca. Nebulosas erguem-se ante meu olhar espalhando estrelas por um quadril indecifrável que desejo e vejo requebrar. Cada tremor que se espalha por teu corpo a cada passo vibrando a carne sob tua pele. Essa cadência pendular como de um relógio infinito, ritmando o pulsar das veias que saltam em minhas têmporas suadas. Não me canso de te olhar quando caminhas nas calçadas tortuosas da vida, prometendo-me o mar através de tuas estrelas. Te desejo mais, muito mais, muito além do que podia imaginar.

SEGUINDO AS ESTRELAS

Te fiz dançar na calçada sob os néons das boates ante o olhar atônito dos cafetões. Sem soltar tua mão te abracei envolvendo tua cintura. Passamos através da multidão á porta do teatro nos esgueirando por uma trilha mágica. Embaixo da frondosa árvore te beijei a boca roubando teu alento. Caminhamos pela rua febril. Em frente ao mercado fechado, sob a luz de uma lua imaginária afastastes a calça mostrando tua calcinha e um caminho de estrelas que levava aos primeiros pelos de teu púbis. Ataquei com minha mão e toquei teus lábios enquanto te beijava a boca. Ainda me encontro naquela noite, te tocando, te beijando com meu corpo colado ao teu.

CAMINHO DE ESTRELAS

Eu vi aquele caminho de estrelas na noite escura da cidade sob as luzes de néon. Ele me prometia tudo apontando para baixo sobre o quadril encantador. O fio da calcinha prometia visões sobre a pele morena. A calça a um lado e para baixo e o reflexo em sua pele. Noite de loucuras, noite de cumplicidades e promessas não cumpridas. O desejo empurrando por dentro para todos os lados como a fúria de um vulcão. Sabia para onde me levaria o caminho, aquele lugar tépido, mais quente do que morno. Aquele sítio impensável que me envolveria acalmando minha fúria. Seria liberto em muitos lábios por um ato permanente que duraria um só instante, como a ilusão de estarmos vivos. Ah! Esse caminho de estrelas que me leva a uma deliciosa perdição.