Friday, January 27, 2006

TEXTURA


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Outra noite entre os delírios de dor dilacerante pulsa tua imagem como terra prometida, ilha na imensidão solitária de um oceano imaginário, oásis no deserto amplo de meus desejos. Surges e a dor se afasta para um dos cantos. O suor me toca sensualmente e sinto cada célula que me compõe. E em tuas curvas sinto cada diferente textura de tua pele quando procuro os recantos plácidos de teus lábios. Teu olhar que se perde entre as paredes que separam nossos mundos em planos quase paralelos. O bater de teu cílios que lembram a mariposa mística e afasta minha dor. Essa dor que insiste em se espalhar pelas entranhas e me faz sentir mais vivo. Se há dor, ainda há vida. Conto os milímetros de cada toque em tua pele contemplando todo teu ser e quase posso sentir o suave perfume que exalas. Tuas texturas me levam para além da dor e posso dormir em paz mais algumas horas. Desejo a dor para que venhas e me leves para onde não a sinto. Quero apenas tuas texturas.

Sunday, January 15, 2006

LUA CHEIA

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Toda noite de lua cheia, como esta, de verão, de ar parado sem brisa. Noite quente de lua cheia de verão quando as sombras se derretem e escorrem por minha pele. Sinto que estás pelas paredes procurando aquele feixe luminoso que penetra tênue e te toca suave. Sei que sentes o toque suave dessa luz em teu corpo nu como se fossem minhas palavras de amor não ditas. Sei que te sonho ou intuo nas sombras intermináveis dos quartos vazios por que passo. Eu insano te procuro com o suor a me cobrir quase todo o corpo. Suor agitado como as marés oceânicas por essa lua cheia de uma noite quente de verão. E quando vejo a lua sei que estás esperando e como louco me lanço a procurar a luz nas sombras da noite quieta. Porque sei que posso te encontrar nesses feixes que se espalham pelo mundo e te amar mais e mais mesmo que não te encontre, mesmo que não conheça teu rosto.

Tuesday, January 03, 2006

PENUMBRA

Vejo na penumbra que estás a esperar. Teu olhar encontra o meu quando entro e sei que estás plena. Fragmentos de todas as mulheres que fostes, és e serás, fundidos em um só olhar que me acolhe em uma doce armadilha. E me entrego sem me preocupar com qualquer perigo que possa existir nas sombras que te rodeiam. Sei que és a luz, sei que és a sombra, sei que me esperas em teu leito, em algum lugar que não imagino. Te olho mais uma vez na penumbra e me entrego sem remorso. Teus braços sinuosos me envolvem e te sonho mais uma vez procurando as respostas a perguntas que não ouso me fazer. Podes me devorar, pois não te decifrarei jamais.