Saturday, October 28, 2006

CIDADELA

Tão delicada e fêmea. Contemplo-te. Passeio o olhar por tua pele branca, macia. A delicadeza de teus ombros. O aroma suave de teu perfume. A curva suave de tuas pernas e teus pés que me convidam a um toque eterno. Os traços delicados de teu rosto delineando uma boca sensual emoldurado por teus cabelos finos. O desejo de abraçar-te cresce. Cidadela sitiada em uma perdida Terra Santa, muito além do oriente. Pedindo com o olhar para ser dominada. Sentes em meu olhar a fúria conquistadora e te afastas. Teu desejo contido. Não te libertarei esta noite.

Friday, October 20, 2006

O LOUCO DANÇA


Naquela noite senti algo no ar. Enquanto dançavas te via quase voando em espirais mágicas. Tive vontade de tirar uma esmeralda de meu coração e te presentear. Uma luz azul fazia teu corpo brilhar e ressaltava as curvas em sombras frenéticas. Parecia louco, sei, mas não via a lua girando pelas alamedas de meu coração. Estranhos seres me faziam dançar e meu desejo fixava o eixo em nossas mãos. O toque suave e teu perfume de verão. Teu quadril pendular me prometia mil e uma noites de sonhos sensuais. Logo eu que não tinha um poema ou uma gaita pra tocar. Louco, sim, louco de sonhar. Sentia o que prometias enquanto desvendavas teus mistérios no lótus da mão. Sonhava com linhas imaginárias que traçava em tua pele nua enquanto dançavas e giravas em minhas mãos. Queria voar como um pássaro louco. Em um vôo que me deixasse mergulhar mais uma vez na aventura de amar. Misteriosa princesa do oriente. Negros olhos que brilhavam e me guiavam para o leste. Nessa noite quando quis te possuir e fugi enlouquecido. Só queria dançar.

Friday, October 13, 2006

AMANTE CRÔNICO


Através dos tecidos negros que te cobrem o corpo, ingênuo, observo atento tuas curvas rápidas. Desejo tenro. Cabelos negros em contraste trágico com a pele alba. Observo distante o instante impossível. Um sorriso belo e triste que me promete tanto. Costas lisas que lambo com olhar lascivo, secreto, contido. Sem máscaras, rótulos e atitudes prévias. Fêmea sem definição. Persona abstrata, sem medidas ou idéias prontas projetadas em academias pérfidas. Mulher sem subterfúgios lúdicos ou preconceitos gênicos. Entrega lasciva e tímida de crianças únicas. Carícias tépidas de amantes crônicos.

Monday, October 02, 2006

ODORES


Antes mesmo do toque de minha língua, teu perfume me inebriava. Sabia-te nua sob a roupa. Teus gestos sensuais e a tesão crescendo noite adentro. O jogo sem regras que prometia sem dizer. As palavras deslizando através do ar azulado entre luzes e vozes estridentes. Copos batendo, pratos fumegando e o frenesi da multidão alheia. Senti-me como um arco retesado ao máximo em plena batalha sangrenta. Mantive a tensão (tesão?) até o insuportável. Mais tarde somente os odores de nosso sexo quando meus lábios se afastavam para contemplar-te o rosto.