DESEJO EM FÚRIA

Quando vejo teus traços suaves em meus sonhos sei que estás por vir. Procuro-te na multidão. Em um sorriso desconhecido. Em perfumes distantes. Não quero vislumbrar as curvas ascendentes de teus vales, ou acariciar os morros arredondados de teu colo. Quero contemplar os picos elevados de tuas erupções quando te arrebatar com a fúria de meu desejo carnal. Nada mais.

A FERA E A BELA

Seus olhos já me haviam conquistado antes de seus lábios fazerem aquele biquinho dizerem ao universo ”Eu quero você!”. Acentuando o C como uma sibilante serpente sensual. Senti-me como bárbaro enfurecido ante a impenetrável cidadela. Caminhava ao seu redor e me afastava, voltava e rondava seus muros inexpugnáveis. A cada aproximação a magia de seus gestos os aromas de seus suores, o rubor de suas faces. E, pior ainda, a oscilação de seu olhar, sonhador, sedutor, inocente. E eu em minha fúria contida, o desejo vulcânico, rondava (rondo ainda) seus passos procurando a brecha que seria minha perdição. Minha salvação. Sou a fera ela a bela.

VENTO

Enlouqueço quando deslizo nas curvas de tua pele. Procurando desejos perdidos numa noite ancestral. Regando a vinho nossas almas. Bebendo gotas de teu suor. Tocando com os lábios cada recanto de teus vales, vertentes e morros agudos. Como o vento que alisa a paisagem. Como o rio que lambe o relevo. Sabendo que será a primeira e última vez.